Quietude, privacidade, independência, crescimento pessoal. Essas são as coisas que todos procuram quando bate aquela vontade de morar sozinho. Cada vez mais pessoas têm manifestado que deseja dar o seu grito de independência e ter um lar para chamar de seu.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 33,9% dos brasileiros já moram sozinhos, e isso deve aumentar, uma vez que as pessoas têm apreciado o isolamento e já não se sentem mais afastadas de tudo por conta das novas tecnologias, que facilitam a comunicação com amigos ou parentes distantes.
Para quem não vê a hora de dar o seu grito de independência, só a questão econômica não deve servir como um fator limitador. Os especialistas garantem que é possível assumir as rédeas da sua vida pessoal, embarcando numa experiência que pode ser muito positiva para o autoconhecimento.
“Hora certa não existe, porque cada um tem suas prioridades. Mas tem que ter planejamento. Pode levar meses ou anos, dependendo do que a pessoa quer, se é alugar ou comprar imóvel”, diz a educadora financeira Lorena Milaneze, da DSOP Educação Financeira.
Tudo na ponta do lápis
Para o economista Roberto Vertamatti, a saída da casa dos pais deve ser precedida de uma minuciosa análise do orçamento. Um dos itens que mais costuma pesar no bolso é a moradia. Mas ela não pode pesar muito.
“A soma de todas as dívidas mensais de uma pessoa não deve ultrapassar os 30% do rendimento”, afirma o economista. Ele lembra, ainda, que, no pacote das dívidas mensais não entram apenas a prestação da casa própria ou o valor do aluguel. Despesas fixas, como a mensalidade do plano de saúde, internet e celular também devem ser consideradas. “Por isso, o ideal é que o gasto com aluguel ou prestação não comprometa mais do que 15% da renda”, afirma Vertamatti.
O economista sugere que o jovem tente sair da casa de seus pais direto para uma residência própria, aproveitando as várias opções de financiamento existentes atualmente. “É possível financiar um imóvel menor e mais simples, com prazo de 25 a 30 anos, por um valor mais baixo”, sugere. Mas, caso isso não seja possível, enquanto se paga o aluguel, o ideal é começar a aplicar o dinheiro em um investimento, para garantir pelo menos uma boa entrada em um imóvel no futuro.
Além disso, é preciso contabilizar todos os gastos que você passará a ter na sua rotina doméstica: com alimentação, gás, luz, condomínio, IPTU, entre outros. Sem esquecer a reserva de pelo menos 5% dos rendimentos mensais para um fundo de emergência.
Segundo Letícia Camargo, planejadora financeira pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros e professora convidada na Fundação Getúlio Vargas, o uso de uma planilha de orçamento pessoal para o planejamento e o acompanhamento dos rendimentos e das despesas é fundamental. “Fazer uma aplicação automática no dia em que recebe o salário também é uma ótima medida para prosperar. Com menos dinheiro na conta, acabamos nos controlando melhor e gastando menos”.
Por uma boa causa
Outro item que não pode faltar no planejamento da independência financeira são os gastos com educação, mesmo que o jovem já tenha feito um curso de nível superior. “Investir em cursos complementares é fundamental para crescer na carreira”, observa Roberto Vertamatti.
Porém, diante de tantos novos compromissos, é normal que, pelo menos nos primeiros tempos, algum sacrifício precise ser feito. O lazer não deve ser suprimido no período, mas com certeza poderá ser barateado. A troca do carro também deverá ficar para depois, assim como outras aquisições que exigem um investimento maior. A sensação da conquista da liberdade será a contrapartida a todo esforço feito.